sábado, 10 de novembro de 2012

A águia, a raposa e a porca


Em uma árvore, como que combinadas, foram buscar abrigo para seus filhotes três zelosas mães. Uma águia fez seu ninho nos mais altos ramos; uma raposa arranjou sua cama num oco, ao meio, onde o tronco se divide em grossos galhos; na parte inferior, ao pé das raízes, colocou-se uma porca. Todas tinham filhotes, e viviam tranquilas  Disso não gostou a raposa. Um dia trepa ao ninho da águia, e diz-lhe: “Venho-lhe dar uma triste notícia, vizinha; os nossos filhotes correm grande risco; a porca tem resolvido fuçar a terra em redor das raízes desta árvore até fazê-la cair, para que, mortos com o há que, os nossos filhotes sejam pelos dela devorados.“ — Que me diz, vizinha! agradecida lhe fico, hei de acautelar-me.

Então a raposa desce, vai ter com a porca: “Minha amiga!” exclama, “terrível vizinhança temos! Sei de boa parte que a águia só aguarda uma ocasião para agarrar e levar no bico os seus e os meus filhotes, que servirão de pasto à sua ninhada; acautele-se.”
Feito este belo trabalho, a raposa mete-se na sua toca à espreita dos resultados. A porca já não se anima a sair; a águia julga que ela o não faz por estar ocupadíssima em suas escavações, e não querendo mais esperar, voa do seu ninho, vai atacar a porca. Trava-se combate; as duas mães pelejam como mães que defendem seus filhotes; ambas caem mortas, abandonando à ardilosa raposa pasto de sobejo para si e para seus filhotes.
MORALIDADE: O que não pode uma intrigante!

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