Um ratinho que pela primeira vez saíra a passeio, voltou para o buraco, todo afadigado, suando. A mãe que o viu assim, perguntou sobressaltada: “O que tens, filhinho?” — Ah! mamãe... se você tivesse visto..., respondeu ele.
“Então o que foi?” — Ele relatou: "Ouça, ia eu passear; tudo estava tão bonito, que não sabia para onde olhar; mamãe, lá fora é mais divertido do que aqui na nossa casa, nesse buraco. No meio de tudo, em pouca distância, avisto um bicho grande, malhado, ronronando, de longos bigodes, de olhos brilhantes e doces, pelo macio, de ar meigo e fagueiro; é da nossa raça decerto, mamãe; talvez seja nosso parente. Ia chegar-me para entabular conversa, quando um maldito trinador de crista vermelha me assustou, a mim que não sou lá dos mais medrosos. Que bicho horrendo, mamãe, era esse! turbulento, inquieto, tem sobre a cabeça um pedaço vermelho de carne, uma crista, seus braços são curtos e cheios de penas, e para andar por certo lhe não servem. Mal me avistou, soltou ele um grito que me fez estalar a cabeça, e me obrigou a fugir praguejando-o, principalmente porque não me deixou ir falar com o meu camarada, que não sei mais onde o poderei encontrar. — Pobre filho! disse-lhe a mãe, nunca procures encontrar-te com esse malvado; é um hipócrita, inimigo jurado de nossa raça; a quantos dos nossos ataca, mata e come; é um gato. Se dele escapaste, deves tua vida a Deus, e ao outro bicho. Esse, sim, pode-te ser útil, desse gostamos nós muito, e quando o pilhamos a jeito, dá-nos sofrível bicada; é um galo.
MORALIDADE: Nunca te fies na aparência; assim acabou a ratazana as explicações que deu ao filhote, e com ela repitamos: — Nunca te fies nas aparências.
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