Uma raposa meteu-se de amizade com um velho lobo que, por forte e previdente, havia ajuntado grossos cabedais e longa experiência. Com artimanhas a raposa fez-se necessária, que o lobo não podia viver sem ela; ria das graças e peripécias dela; ela fazia tudo por ele, preparava-lhe a comida, enfim tanto bem lhe quis que em seu testamento o lobo velho a deixou por sua universal herdeira. Mal soube que estava feito o testamento a raposa foi ter com um caçador, e lhe disse: "O que me dás, se te levar à cova de um lobo e to entregar ? — Dou-te a sua pele, disse o caçador. — Pois vem comigo. E levou-o à cova em que estava dormindo o lobo. Passou este sem senti-lo do sono para a morte. Já se via a raposa senhora única da fabulosa herança, e tendo além disso a pele de seu ex-protetor, quando o caçador lhe disse: “Amiga, se livrei as ovelhas desse voraz perseguidor, quero livrar as galinhas de terrível inimigo; em vez de uma, serão duas ações meritórias, e terei duas peles que vender; toma, morre!” E atirou nela. A raposa não previra este resultado.
MORALIDADE: Velhos endinheirados e avarentos, cuidado com os que vos afagam! consolai-vos, porém, certos de que o mal ganho nunca aproveita.
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