sábado, 10 de novembro de 2012

O veado e suas pernas


Um veado foi matar a sede em uma fonte de água cristalina, e mirou-se (olhou-se) no espelho das águas: “Como são garbosos (lindos, belos) esses meus galhos”, dizia, “que ar majestoso e elegante dão à minha cabeça! Mas que finas e feias pernas me brindou a natureza! Antes as não tivera.” Nisso ouviu ao longe o latir de uma matilha (coletivo de cães), e logo pôs-se a correr. Longe do caçador e do perigo levaram-no as pernas finas; já estava a salvo, quando os seus galhos enredaram-se (enroscaram-se) com os ramos de uma árvore, e fizeram-no parar; quanto mais forcejava, mais enredado se achava. Chega o caçador e o apanha.“Ai de mim!” dizia o veado, “ainda há pouco praguejei por causa de minhas pernas que tão úteis me eram, e exultei de júbilo com esses galhos que, sem préstimo algum, causaram o meu cativeiro.”
MORALIDADE: Estimamos muitos vezes qualidades que nos perdem, e maldizemos das que nos servem.

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