sábado, 10 de novembro de 2012

A coruja e seus filhotes


Fizeram a paz a coruja e a águia, e reciprocamente juraram não ofender aos filhotes de cada uma das altas partes contratantes: “Conheces os meus filhos?” perguntou a coruja à águia. — Não, mas se queres mostrar e dizer como são, saberei reconhecê-los, e poupá-los. “Pois sim, atende; meus filhos são lindos, engraçados. Oh! como são engraçadinhos e bem feitos! são uns primores”. A águia tomou nota; daí a dias, estando a caçar deu com um ninho. Nele estavam dois horríveis filhotes, tristonhos, mal feitos, de cor, de piar que metia medo. “Não são estes por certo os filhos da minha amiga”, disse a águia e os foi papando. Nisso acode a coruja: “Assim respeitas a fé jurada? mataste os meus filhos!” — Teus filhos! disse a águia admirada; esses monstrinhos nada tinham de lindos, nem de bem feitos, nem de engraçadinhos.

MORALIDADE: A ternura materna não vê as imperfeições dos filhos, e substitui-lhes belezas e graças que lhes negara a natureza.

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